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"Estamos a investir para apresentar ao mercado rodas de topo. Tudo produzido em Aveiro para o mundo inteiro.”

A RODI participou, no passado dia 21 de março, no novo “Encontro Fora da Caixa”, ciclo de debates promovido pela Caixa Geral de Depósitos, em parceria com o jornal Observador.

Subordinado ao tema “Economia do Mar”, o debate teve lugar na Casa de Cultura de Ílhavo, onde se reuniram diversos oradores e personalidades da Economia nacional e da Região.

A incerteza do atual estado da economia global, a nova ordem mundial face ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia, a gestão dos recursos naturais e energéticos e a captação de talento foram os principais temas debatidos pelos oradores e convidados da sessão.

Rémy Silva, diretor financeiro do grupo RODI Industries, destacou os desafios e as oportunidades do setor da mobilidade, em especial da bicicleta e da mobilidade elétrica, e quais as estratégias da RODI face à conjuntura atual.

Na sua intervenção, Rémy Silva começou por relembrar o elevado crescimento do setor do ciclismo durante a pandemia COVID-19.
“Nós praticamente não tivemos crise no setor das bicicletas. Tudo o que esteve ligado à mobilidade elétrica e ao setor das duas rodas veio de um período muito positivo. Portugal é hoje líder europeu no segmento das bicicletas. O COVID foi, neste aspeto, muito bom para o setor, com muita gente a procurar a bicicleta para o seu passeio higiénico. A RODI cresceu muito; praticamente duplicámos a nossa faturação ligada a este setor.”, refere.
“O desafio para nós vem agora, com as cadeias de abastecimento muito demoradas e o ano de 2023 a arrancar mais lento do que o esperado. O que sentimos é que o mercado se está a recompor e que, em comparação com o ano pós-COVID, vamos ter alguma quebra de receita. No entanto, será sempre positivo face aos valores de anos anteriores. Quer para nós, quer para as restantes empresas ligadas à mobilidade elétrica e às bicicletas.”
, salienta.

Em relação às estratégias para os próximos anos, o diretor financeiro destaca o elevado plano de investimentos, já em curso.
Nós temos um plano de expansão bastante agressivo, com um investimento de perto dos 60 milhões de euros: 30 milhões na RODI, em Aveiro, e outros 30 em Águeda, na Triangles. O objetivo é acrescentar valor, é criar rodas de topo. Nós já estamos posicionados no segmento médio-alto, mas estamos a investir numa anodização nova, nova maquinaria, para podermos apresentar ao mercado europeu e mundial rodas de topo, made in Portugal.”, refere.
Outro fator importante é também a captação de novos talentos para o Departamento de I&D, que já se encontra a trabalhar no desenvolvimento de novos produtos, nomeadamente cubos, para a criação de uma roda completa, deste a compra do perfil até aos restantes componentes. “Tudo produzido em Aveiro para o mundo inteiro.”, destaca Rémy Silva.

Relativamente à Triangles, empresa pertencente ao grupo, Rémy Silva enaltece os investimentos na expansão da unidade industrial, com vista à produção de quadros de bicicletas elétricas de dupla suspensão. “A fábrica em Águeda é única no mundo. Não existe outra fábrica totalmente robotizada para produção de quadros de bicicleta, em especial e-bikes”, acrescenta.

Com valores de exportação nos 100%, o diretor financeiro destaca ainda a conjuntura atual deste setor: “Estamos a assistir a uma nova revolução industrial, à transição para a bicicleta elétrica. É um setor que já vinha a crescer antes da pandemia, disparou com a pandemia e prevê-se que nos próximos anos continue a crescer e que haja gradualmente uma substituição da bicicleta tradicional pela elétrica”. Um movimento que se prende com o facto de a bicicleta elétrica poder ser usada por “qualquer pessoa, sem qualquer tipo de condição física, em qualquer lugar”, salienta.

No entanto, esta transição ainda não é visível em Portugal. “Nós em Portugal ainda estamos muito atrasados, temos um longo caminho a percorrer na questão da mobilidade urbana. Quando pensamos em transição ambiental, a bicicleta elétrica é o futuro, mas precisamos de criar condições nas cidades e também o bichinho da cultura da bicicleta desde a infância, como acontece noutros países, em especial do norte da Europa”, conclui Rémy Silva.

Assista ao debate na íntegra: